O médico acusado de estuprar uma jovem de 19 anos em Feira de Santana, a 109 km de Salvador, prestou depoimento nesta sexta-feira (23) e negou ter abusado sexualmente da mulher. Apesar disso, com os indícios recolhidos pela polícia e com o resultado de um laudo pericial, Humberto Nilo de Araújo Filho, 34 anos, foi indiciado no inquérito e já foi transferido para o presídio da cidade, segundo o delegado Madson Sampaio, responsável pela investigação.
Sampaio agora tem dez dias de prazo para concluir o inquérito e enviar para a Justiça. O médico foi preso hoje em cumprimento a um mandado de prisão de preventiva. "Ele nega a violência sexual contra a vítima, nega até que ele havia praticado sexo com ela", diz ao Sampaio, titular da 2ª Delegacia. Mesmo com a negativa de Araújo Filho, um laudo apontou indícios de que a jovem de 19 anos praticou sexo na noite em que teria acontecido o estupro. Só outro exame irá determinar se a relação foi com o acusado.
O médico disse que no dia em que o estupro teria acontecido, no início de setembro, ele convidou a jovem de 19 anos para sair com ele e sua namorada, uma adolescente menor de idade. As duas garotas já haviam estudado juntos no colégio e eram conhecidas - ao contrário do que foi informado inicialmente pelo Correio24horas, ela nunca foi paciente do médico. Depois, os três foram para a casa do médico, no centro de Feira, porque a vítima teria passado mal."Ele a convidou para sair com a namorada, foram para o bar, e o resto é o que vocês já sabem. A moça diz que tomou um coquetel, uma bebida, e logo em seguida perdeu os sentidos. Ela acordou na cama dele e lembra de abrir os olhos às vezes e vê-lo em cima dela", diz o delegado.
Questionado pela jovem no dia, o médico garantiu a ela que nada havia acontecido e chamou um táxi para levá-la para casa. Mas quando ela chegou em casa os familiares se assustaram com o estado da jovem - dopada e falando sobre ter sido estuprada. Acompanhada de parentes, ela foi até a 2ª Delegacia no mesmo dia prestar a queixa.
Namorada adolescente confirma versão
A adolescente de 17 anos namorada do médico também prestou depoimento e confirma a versão do clínico de que os três saíram para se divertir juntos e nada aconteceu. O delegado diz que os boatos de que o médico usaria a namorada menor para atrair outras vítimas são infudados. Ele também diz que até o momento não há nenhum indício de que existam outras vítimas. "O único caso que chegou para nós aqui em Feira é esse", diz.
A polícia ainda aguarda um laudo toxicológico para determinar que substância foi usada para dopar a jovem.
O médico chegou a ser indiciado em 2009 por atentado violento ao pudor, quando foi acusado de ter acariciado uma adolescente de 15 anos dentro do hospital Ary Rodrigues, na cidade de Senador Guiomard, a 29 quilômetros de Rio Branco, no Acre. A jovem, que procurou o hospital alegando dores no abdômen, contou que teve as partes íntimas tocadas pelo médico. Humberto teria impedido a mãe da jovem, que a acompanhava durante a consulta, de entrar na sala da consulta.
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) informou que o médico tem inscrição ativa no órgão e que denúncias são apuradas mediante abertura de sindicância. "Os médicos envolvidos são chamados para dar explicações e, havendo indícios de infração ao Código de Ética Médica, abre-se um processo ético profissional. As partes envolvidas terão direito à ampla defesa e contraditório, e se comprovado a culpa de algum médico, ele pode sofrer penas que vão desde a advertência confidencial em aviso reservado até a cassação do direito de exercer a profissão médica".
O órgão informa que se alguém se sentir vitimado pela atitude do médico pode denunciar o caso no Conselho.(Correio)